quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Para mamãe


Memórias do meu casulo

Estava passeando entre flores e arvoredos em um dia de céu claro que deixavam as nuvens formarem grandes desenhos no infinito. Pareciam grandes cães, gatos e passarinhos flutuando na imensidão. Estava tão perto que eu tinha a sensação que se eu subisse a montanha poderia alcançar o céu. Neste momento, o famoso Anjinho Gabriel veio ao meu encontro. Ele queria me dizer que estava na hora de ir embora e a viagem iria começar dentro de alguns dias. Mas eu queria saber para onde eu iria. Então, ele me pegou pelas mãos e me levou até o lugar aonde eu iria me hospedar por um longo tempo. Vi um homem e uma mulher muito felizes. Adorei os dois! Fiquei muito empolgada com a viagem. Então comecei a me preparar. Mas não tive muito tempo.

Certa noite acordei e me encontrei em uma bolha cheia de água. Eu estava flutuando! Hum, que sensação boa! Me sentia segura e amada. Mas não conseguia descobrir onde eu realmente estava. Eu só conseguia ouvir uma mulher conversando comigo. Era estranho. Eu ouvia, mas não conseguia responder. Depois de um tempo eu sentia que ela fazia carinho em mim. Eu já estava crescendo. Já via minhas mãozinhas e meus pezinhos. E eu já estava ficando gordinha. Adorava me mexer dentro daquela bolha de água. Era divertido! Eu chutava bastante quando sentia cócegas. Coitada da mulher. Para ser sincera, eu fazia pra chamar a atenção. Mas sabe que nem precisava? Ela sempre me tratava com carinho e amor. De repente, eu pensei em chama-la de Mamãe. Sempre que sentia medo ou dor eu chamava por ela. E ela me ouvia sempre. E me acalmava com um carinho e uma palavra doce.Eu adorava o meu lar, o meu casulo. Era tão quentinho. Era bom flutuar... e como era bom!

Não sei bem ao certo quanto tempo se passou, quando o Anjinho Gabriel veio me encontrar novamente. Ele me disse que a hora estava chegando. Era hora de sair do casulo. Eu fiquei com medo. Muito medo. Mas o Anjinho Gabriel me assegurou que seria muito bom descobrir o mundo. Fiquei mais tranqüila, quando ele me disse que Papai e a Mamãe do Céu estariam ao meu lado.

Finalmente, o dia chegou. Foi tudo muito rápido. De repente a água do meu casulo estava diminuindo. Eu comecei a chorar. Quando percebi, já estava no mundo. E de cabeça pra baixo! Chorei de susto! E ainda por cima estavam me dando tapinhas no bumbum. Aí eu chorei mais ainda. Mas quando virei meus olhinhos vi a minha Mamãe. Como ela era linda! Eu me apaixonei por ela. Como no meu casulo, mas desta vez nos braços dela, eu me senti segura e amada, com o mesmo calor de antes. Aí eu parei de chorar. Até que foi legal sair do casulo. Estava cansada de ficar flutuando o dia inteiro. O mundo aqui fora é radical!

Texto dedicado à minha amada mãe.
Escrito no carro, ouvindo Pearl Jam e olhando o céu nublado de Maio.
Não consigo descrever o amor que sinto pela minha família. Por ela eu me sacrifico, me entrego e não abro mão de ficar sempre perto dela!

Beijos, boa quinta! :)

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